quinta-feira, 23 de abril de 2009

PUBLICAÇÕES


Livro: "Corpo, política e discurso na dança de Lia Rodrigues"


Versão da dissertação submetida ao Programa de Mestrado em Teatro do Centro de Letras e Artes da Universidade do Rio de Janeiro - UniRio, esta publicação defende a idéia de que o espetáculo Aquilo de que somos feitos inaugura, tanto na obra coreográfica de Lia Rodrigues quanto na história da dança feita no Brasil, uma nova dimensão política, caracterizada pela presença de uma consciência crítica sobre os próprios parâmetros que constituem o corpo, a dança e a cena. Estes se tornam instâncias privilegiadas de atuação política. São constitutivos de uma forma de performatividade que é, em si mesma, política, criando operações que abalam a percepção e interferem na organização dos espaços e na divisão dos papéis que normalmente constituem um espetáculo de dança contemporânea.

Foi um privilégio ter orientado esta dissertação de mestrado, que agora sai em livro, da coreógrafa Dani Lima. Não só pela qualidade do texto, mas, principalmente, pela especificidade de se tratar de uma criadora escrevendo sobre outra criadora, Lia Rodrigues, sua amiga e influência de trabalho. Esta proximidade pode parecer um entrave para uma pesquisa rigorosa e crítica. Preconceito cientificista. Trouxe-lhe, ao contrário, um afeto raro e rigoroso. Permitiu que ela escrevesse de dentro da experiência coreográfica, fazendo as articulações teóricas necessárias e, acima de tudo, produzindo um pensamento com a dança e pela dança.

A presença do artista na universidade é uma novidade na cena brasileira recente. Os riscos de domesticação teórica sempre ameaçam, mas a possibilidade de se abrirem canais de diálogo entre teoria e prática são razão suficiente para se correr qualquer risco. No caso da Dani a universidade serviu como um recuo reflexivo que acabou oxigenando sua própria prática coreográfica. Não seria o espetáculo seguinte da autora - “Falam as partes do todo?” - uma espécie de desdobramento criativo da sua experiência teórica (sem determinismos, por favor) e dos diálogos de geração que amadureceram durante a pesquisa de mestrado? Estas convergências e contaminações interessam tanto ao artista como à universidade.

Como o título do livro já anuncia – “Corpo, política e discurso na dança de Lia Rodrigues” – o foco do estudo é o espetáculo Aquilo de que somos feitos realizado pela coreógrafa paulista no ano de 2000. Ele é visto como uma guinada em sua trajetória. Guinada esta que transformou os usos do corpo, sua efetividade política e sua potência discursiva. O interesse é de justamente perceber as formas pelas quais a dança se faz política e discurso, sem ser determinada por uma narrativa programática. Aquilo de que somos feitos, sem romper com a produção coregráfica anterior, estabelece novos parâmetros e inaugura uma nova genealogia histórica, um novo horizonte de diálogo para o trabalho da Lia e isto fica muito bem elucidado no transcorrer das análises da autora.

Um ponto forte, sem dúvida, é a aproximação com a geração conceitual da dança européia dos anos 90 – Jèrôme Bel, Xavier Le Roy, Thomas Lehmen. Destacam-se aí um interesse na desconstrução das imagens do corpo que sustentam os modelos de representação dominantes na dança e a desespetacularização da produção. O corpo como foco de resistência a certas normas de controle que regem nossos processos de subjetivação. Como escreve a autora a respeito do corpo na primeira parte de Aquilo de que somos feitos, “mais do que os movimentos que possa produzir, as formas que possa esculpir, as figuras que possa visitar, é a própria matéria do corpo, em sua qualidade polissêmica, que se coloca em evidência”.

Não só os estudos de dança ganham com a publicação deste livro, mas a própria reflexão sobre a cena artística contemporânea. A ambição de querer dar à dimensão estética ressonâncias políticas e éticas é um desafio a ser compartilhado por todos que vivem as inquietações deste começo de século. Os casos de Dani Lima e Lia Rodrigues são exemplares e este livro está aí para confirmar isso.

Luiz Camillo Osório

texto na íntegra



Artigo: "Corpos Humanos Não-Identificados: hibridismo cultural e dança contemporânea"

Podemos dizer sem assombro hoje em dia que vivemos uma crise ou fragmentação de identidades. Esta idéia já faz parte do senso comum e está ligada à outras discussões também na pauta do dia, como a globalização, o pós-modernismo, o multiculturalismo, o hibridismo cultural.

Este texto (publicado em PEREIRA, Roberto e SOTER, Silvia (org.) – Lições de Dança 4, Rio de Janeiro, UniverCidade Editora, e em BARBOSA, Ana Mae e AMARAL, Lilian (org.) – Interterritorialidades, Ed. Senac), pretende visitar alguns aspectos desta crise, a partir das análises do sociólogo Stuart Hall no livro “A identidade cultural na pós–modernidade”, e dialogar com conceitos da recente historiografia da dança, como o de “corpos híbridos”, objeto de análise do texto homônimo da historiadora de dança Laurence Louppe usado aqui como referência.


texto na íntegra




Artigo: "Do espaço pictórico ao espaço do corpo: uma abordagem modernista da dança"


Este estudo pretende partir de alguns conceitos da Teoria da Arte Moderna propostos por autores como Alberto Tassinari, Clement Greenberg e Rosalind Krauss para definir um ‘espaço pictórico moderno’ e cruzá-los com os conceitos e práticas da dança moderna americana. Meu objetivo é o de tentar elucidar que práticas modernistas estiveram presentes nos diferentes momentos da dança moderna e de que forma elas se traduziram numa concepção moderna de corpo. O estudo é dividido em duas partes: o espaço pictórico e o espaço do corpo.

texto na íntegra

Nenhum comentário:

Postar um comentário